6 de jan. de 2013

Os Três Homens Sábios

por Corinne Heline
 Ref.: Mateus, 2: 1-2 e 7-11
O Evangelho de Mateus é denominado com muita propriedade de “Evangelho da Dedicação”, porque contém a relato da vinda dos três homens sábios desde o oriente.
Antigo comentário a respeito de Mateus diz que a Estrela na sua primeira aparição tinha a forma radiante de uma criança levando a cruz. Os três Iniciados ou Homens Sábios, contemplando a Estrela, levantaram-se e jubilosos iniciaram a longa e perigosa jornada através do deserto, rumo à Jerusalém. Ao chegarem, indagaram ansiosamente: “Onde está Aquele que nasceu Rei dos Judeus?”
Essa pergunta interessou a Herodes e a toda comunidade judaica. Perguntaram ao Superior dos Sacerdotes: “ Onde está o jovem Rei que acaba de nascer?” Os sacerdotes responderam: “Em Belém da Judéia”.
Seguindo a direção da Estrela atingiram a pequena cidade de Belém e lá encontraram não um princepezinho real nascido num palácio, rodeado por um corpo de servidores, mas apenas uma graciosa criança, deitada na humilde manjedoura, onde o gado e outros animais alimentavam-se.
A humildade, a fé e a reverência foram proclamadas realmente pelos Sábios Homens, os quais se prostraram diante da bela Criança, dedicando-se a si mesmos ao novo Rei do Mundo.
Os três Homens Sábios representam a dedicação integral do Espírito (ouro), da Alma (mirra) e do Corpo (incenso). Depois de o Cristo ter nascido internamente, o passo seguinte no processo de desenvolvimento espiritual deverá ser essa dedicação ao Mestre e ao Seu trabalho, para que o Cristo recém-nato deva crescer à estatura do adulto. O Espírito é simbolizado pelo ouro, que é portador do mais elevado poder vibratório entre todos os metais. O corpo, representado pelo incenso, é um símbolo bem adequado ao menos duradouro veículo do Espírito. A alma, representada pela mirra (planta natural da Arábia, difícil de ser encontrada, apresentando um gosto extremamente amargo, possuindo porém uma fragrância primorosa e incomum) simboliza o extrato anímico das experiências que o Espírito entesoura no corpo, e que constitui o propósito integral da vida no plano físico, sendo na verdade o sinônimo  do caminho do discipulado, porque de fato o corpo-alma de um santo emite uma fragrância delicada que tem dado origem a belíssimas lendas da Igreja.
A tradição afirma  que Gaspar era muito idoso, usava uma barba branca, era rei de Tarsus, a terra dos mercadores e sua dádiva à Criança foi ouro. Melchior, de meia idade, rei da Arábia deu incenso; ao passo que Baltazar, o rei negro e o mais moço, nascido em Seba ou Sheba, a terra das especiarias e da rezina, apresentou como dádiva a mirra.
O Caminho da Transmutação do neófito, algumas vezes é chamado de Transfiguração, e ocorre sempre na jornada dos Homens Sábios, pois por esse processo todos se tornam Homens Sábios.
 Na catedral de Colônia existe um altar onde estão três crânios com os nomes dos três Homens Sábios, nomes esses formados por rubis. O rubi designa-se como a pedra do Cristianismo, porque simboliza a purificação da natureza de desejos e a espiritualização da mente, o trabalho primordial da Dispensação Cristã.
Segundo a lenda, Maria entregou as faixas de linho que envolviam o puro corpo da sublime Criança aos Homens Sábios, os quais agradeceram com humildade e alegria, colocando a preciosa dádiva entre os seus maiores tesouros. Após regressarem às suas pátrias, imitaram a pobreza e humildade Daquele que reverenciaram em Belém, distribuindo seus bens entre os necessitados e pregando o novo ideal recém-inaugurado.
A lenda, ainda nos diz que os Homens Sábios, quando morreram, receberam a coroa da vida imortal, em troca dos bens terrenos que renunciaram. Seus despojos foram encontrados muito tempo depois pela Imperatriz Helena, mãe de Constantino, que os trasladou para Constantinopla, donde posteriormente foram levados para Milão e ulteriormente depositados na catedral de Colônia.
Retribuindo as dádivas que Lhes foram ofertadas, o Mestre outorgou-Lhes posses de valor transcendental a qualquer bem material: pela taça de ouro deu a caridade e os bens espirituais; pelo incenso, a fé perfeita; e pela mirra, a verdade e a brandura, qualidades que representam as virtudes indispensáveis para aqueles que aspiram à iniciação. Ele também poderá nos conceder essas dádivas, desde que nos dediquemos de corpo, de alma e de Espírito à missão de preparar a vinda futura de Seu Reino sobre a Terra.
Analisando-se profundamente os fatos mencionados, relatados através de várias lendas, evidencia-se que os Magos eram Iniciados. A palavra Mago significa aquele que se dedica à Magia, que possui a consciência da vida noturna ou de sonho. Foi durante esse período noturno que os Homens Sábios receberam esclarecimentos referentes a vinda do Salvador. O Santo nascimento foi saudado em muitos lugares com profundo regozijo, porquanto os Homens Sábios de todas as nações já vinham sendo preparados a muito tempo para esse extraordinário acontecimento, o que por sua vez incitou a animosidade de Herodes, advindo então o decreto alusivo à matança dos inocentes.
Os Homens Sábios viajavam tanto de dia como à noite sob a Luz da Estrela Misteriosa, guardados pelo glorioso Arcanjo, o Cristo. É dito que durante a jornada, os Homens Sábios observaram as maravilhas da Virgem e da Criança. Isto é, leram o sublime acontecimento na Memória da Natureza, e depois, ao entrarem no estábulo, obtiveram a confirmação material do fato, contemplando a beleza celestial da Divina Mãe e da Criança, rodeados por uma luz deslumbrante, de maneira idêntica aos que haviam observado nos Eternos Registros da Natureza.
publicado na revista Serviço Rosacruz, abril, 1967

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